Erosão de um Ícone?
O Impacto da Queda de Popularidade de Lula na Construção de Sua Marca Política
A marca pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva sempre foi uma das mais poderosas da política brasileira. Forjada na narrativa do operário que chegou à presidência, construída sobre pilares como empatia, carisma popular, enfrentamento das elites e compromisso social, Lula criou uma identidade política quase mítica. Contudo, recentes pesquisas indicam uma queda significativa de sua popularidade, mesmo entre eleitores que tradicionalmente o apoiaram. Isso levanta uma questão crucial: o que essa erosão representa para a longevidade e a resiliência da marca Lula?
Do ponto de vista do branding, toda marca — inclusive a pessoal — vive do alinhamento entre promessa e entrega. A promessa de Lula em seu terceiro mandato girava em torno da reconstrução nacional pós-Bolsonaro, pacificação política, estabilidade econômica e retomada dos programas sociais. No entanto, a percepção pública tem sido de morosidade nas entregas, aumento do custo de vida, dificuldades de articulação política e, sobretudo, uma comunicação truncada e, muitas vezes, reativa.
Esse descompasso entre narrativa e realidade começa a desgastar os códigos simbólicos que sustentam sua marca. O “Lula pai do povo” começa a perder força quando parte da população vê seu poder de compra diminuir. O “Lula diplomático” enfrenta desgaste quando há falhas na gestão da imagem internacional ou ruídos com líderes estrangeiros. E o “Lula conciliador” perde eficácia diante do clima polarizado que ainda contamina o país — e para o qual o próprio governo contribui em certos momentos.
É importante destacar que marcas fortes não desaparecem da noite para o dia. Elas se transformam. Mas, para isso, é preciso uma estratégia clara de reposicionamento, algo que até o momento não se vislumbra com clareza. O governo continua apostando em símbolos do passado (como a volta de programas emblemáticos), mas sem atualizar sua linguagem, seus canais e sua conexão emocional com novas gerações.
O desafio de Lula é menos sobre governar e mais sobre reconectar-se. Atualizar sua marca significa mais do que fazer entregas concretas — é também ouvir, adaptar, simbolizar. Marcas políticas não vivem apenas de feitos; vivem de significados. E, neste momento, o significado de Lula está perdendo aderência diante de um Brasil que mudou muito desde 2002.
Se quiser manter sua força política e, principalmente, deixar um legado de relevância, Lula precisa revisitar os fundamentos da sua própria marca: escuta ativa, presença empática, e, acima de tudo, coerência simbólica. Porque, no fim das contas, todo líder é uma marca — e toda marca precisa manter sua promessa viva.
Reposicionamento: Caminhos Possíveis para Reforçar a Marca Lula
Para um líder que já atravessou tantas transformações históricas, não é a primeira vez que sua marca é testada. Mas, diferentemente dos embates anteriores, Lula agora enfrenta um novo desafio: um eleitorado mais exigente, mais informado e mais fragmentado. A força da marca Lula sempre residiu em sua capacidade de adaptação simbólica — ele já foi o operário combativo, o presidente conciliador, o estadista respeitado. O momento atual exige a construção de um novo arquétipo: o líder sensível às mudanças culturais, digitais e geracionais.
Do ponto de vista do branding político, alguns caminhos estratégicos podem ajudar a reverter ou atenuar essa queda de popularidade:
- Reatualização do discurso – Lula precisa abandonar os jargões de 20 anos atrás e se conectar com os dilemas atuais da sociedade, como meio ambiente, diversidade, tecnologia, segurança urbana e saúde mental. Esses temas não eram centrais no passado, mas hoje são absolutamente vitais para a nova geração de eleitores.
- Narrativa digital forte e descentralizada – A presença do presidente nas redes sociais ainda é institucional e distante. A nova comunicação política exige autenticidade, participação ativa e linguagem mais horizontal. Marcas fortes se constroem onde o povo está, e hoje o povo está online.
- Gestos simbólicos e escuta ativa – Grandes líderes reforçam sua marca não apenas por meio de políticas públicas, mas por meio de gestos simbólicos que mostram empatia, humildade e abertura ao diálogo. A marca Lula sempre brilhou nesses momentos de conexão direta com a população. Recuperar isso é essencial.
- Redefinir o adversário narrativo – Parte do desgaste atual também se deve ao foco excessivo no embate com Bolsonaro. Para reposicionar sua marca de forma mais ampla, Lula precisa substituir o “antagonista político” por “problemas reais” como fome, desigualdade e descrença na política, tornando-se novamente o protagonista da solução.
- Delegar protagonismo – Uma marca política não vive apenas da figura central. É hora de Lula compartilhar a cena com novos rostos — jovens, mulheres, lideranças regionais — e mostrar que sua marca é também um legado em expansão, não apenas uma figura carismática em decadência.
A marca Lula não está falida. Ela está em transição. E como toda marca histórica, ela carrega ativos simbólicos valiosos demais para serem descartados. No entanto, marcas que não se atualizam correm o risco de se tornar apenas memória afetiva — boas de lembrar, mas ruins de confiar no presente.
Se quiser seguir relevante no imaginário coletivo, Lula precisará repactuar sua promessa com o Brasil. E, para isso, não bastam planos de governo. É preciso narrativa, escuta, presença e significado. Porque marcas políticas, assim como as grandes marcas comerciais, sobrevivem apenas quando conseguem responder à pergunta mais difícil de todas: por que eu ainda importo?
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